No início dos anos 2000, a RedeTV! surpreendeu os telespectadores ao exibir um programa de humor chamado Miguelito, que rapidamente chamou atenção por um motivo curioso — ele parecia uma cópia escancarada do Chaves, clássico da televisão mexicana criado por Roberto Gómez Bolaños.
Miguelito trazia um menino pobre, vestido com roupas simples, que vivia em um cortiço e se envolvia em situações cômicas ao lado de personagens adultos caricatos. A semelhança com Chaves era impossível de ignorar. Havia um senhor ranzinza que lembrava o Seu Madruga, uma senhora mandona com rolos no cabelo como Dona Florinda, e até uma criança com comportamento mimado, claramente inspirada em Quico.
O programa era originalmente mexicano, mas foi dublado e exibido no Brasil como uma tentativa de resgatar o estilo de humor inocente e popularizado por Chaves. Porém, o resultado foi o oposto. O público reagiu com críticas, e nas redes sociais e fóruns da época, Miguelito passou a ser chamado de “clone do Chaves” ou “versão genérica da vila”.
Apesar do visual colorido e da tentativa de conquistar o público infantil e nostálgico, Miguelito nunca alcançou o sucesso desejado. A baixa audiência e as comparações negativas com Chaves fizeram o programa sair do ar rapidamente, tornando-se hoje uma curiosidade quase esquecida da televisão brasileira.
Miguelito se tornou, assim, um exemplo clássico de como a inspiração pode virar imitação aos olhos do público. Em vez de ser lembrado como uma homenagem ou adaptação, acabou marcado como uma tentativa frustrada de repetir uma fórmula de sucesso sem a mesma originalidade, carisma ou timing de humor.
Ainda hoje, vídeos e trechos do programa circulam na internet como uma espécie de “pérola perdida” da televisão brasileira. Para muitos, Miguelito serve mais como uma lição sobre o impacto de Chaves na cultura popular e sobre os riscos de tentar recriar algo que já é insubstituível.
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